segunda-feira, 26 de abril de 2010

BITÍNIA: RESUMO HISTÓRICO

A Bitínia era um território do noroeste da Anatólia e ao sudoeste do Mar Negro que desde a península da Calcedônia chegou a extender-se até Heraclea Pôntica e Paflagônia, Mísia e a Propôntida (atual Mar de Mármara). Suas principais cidades foram Nicomédia, Niceia e Prusa. Era área estratégica de trânsito entre a Europa e a Ásia. No mapa abaixo, vê-se a grande proximidade da Trácia (Europa) e da Bitínia (Ásia).


Duas tribos trácias, os Tínios e os Bitínios, migraram para a região expulsando ou subjugando os Mísios e outras tribos. Os territórios onde se instalaram ficaram conhecidos como Tínia e Bitínia. Este último nome prevaleceu no decorrer do tempo sobre a área por eles ocupada, a qual foi incorporada pelo rei Creso dentro do Reino da Lídia, com o qual eles caíram sob domínio da Pérsia (546 a.C.) e foram incluídos na satrápia da Frígia, que compreendeu todos os países até o Helesponto e o Bósforo. Abaixo, área da Bitínia e suas cidades na Antiguidade.


No tempo do Rei Dario, o Grande (522-486 a.C.), os Bitínios pagavam um tributo de cem talentos ao Império Persa. Os Bitínios conservaram, entretanto, seus reis que não passavam mais do que governantes sob o mando persa e que foram aumentando gradativamente sua autonomia e territórios. A dinastia local comercial encabeçada por Doedalses, conseguiu maior soberania em torno de 430. Doedalses (também conhecido como Didalso) já age como rei dos Bitínios no tempo de Dario II (423-404 a.C.). Participou da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) enviando reforços à Alcibíades de Atenas e combate os Dez Mil (mercenários gregos a serviço do persa Ciro, o Jovem) em 401. Em 398 combateu o general grego Dercilidas da Lacedemônia e ocupou Astacos ( futura Nicomédia), colônia da cidade grega de Mégara, fazendo-a sua capital. Sendo assim a região foi governada por Doedalses (430 – 390) e Boteiras (390 – 377). Durante a conquista da Pérsia, Alexandre Magno, após a Batalha do Grânico (334 a.C.), conseguiu submeter às cidades gregas da satrápia de Sparda ( o antigo reino da Lídia). Nesta região surgiriam os reinos de Pérgamo e da Bitínia. Bas, filho de Boteiras, conseguiu manter o território da Bitínia independente de Alexandre e de seus sucessores e seu filho Zipoites proclamou-se rei em 297 a.C. Seus sucessores mantiveram-se livres dos Diádocos (sucessores de Alexandre), mas foram perdendo terreno para o Reino de Pérgamo. Abaixo, os primórdios do Reino da Bitínia e reinos adjacentes.

Nicomedes II e Nicomedes III tentaram em vão ampliar seus territórios defrontando-se com a política expansionista de Roma e do Reino do Ponto de Mitrídades VI. Por fim, o último rei, Nicomedes IV, ao morrer (74 a.C.) legou seu reino à República Romana que transformou a Bitínia em uma província. Após a derrota de Mitrídates, o Ponto passou a integrar a província da Bitínia e Ponto. Da Bitínia surgiriam o astrônomo e matemático Teodósio da Bitínia (160-100 a.C.), Antínoo (110-130), amante do imperador romano Adriano (76-138) e Dion Cássio (c. 155-229), historiador, cônsul e senador romano.
A Bitínia foi terreno fértil para o cristianismo. Segundo o Novo Testamento, na segunda viagem missionária, o Apóstolo Paulo, na companhia de Timóteo e Silas, teve o empenho de viajar para a Bitínia, mas uma revelação divina o mandou ir para a Macedônia (Atos 16:7). Quando o Apóstolo Pedro escreveu sua primeira epístola, já havia uma comunidade cristã na Bitínia por volta de 62–64 d.C. (I Pedro 1:1). Plínio, o Moço, governador da Bitínia, ao escrever ao Imperador Trajano (53-117) menciona muitos cristãos na província, declarando que, no começo do século II, o cristianismo não se confinava apenas às cidades, mas se havia espalhado "também às aldeias e aos distritos rurais". (As Cartas de Plínio, X, XCVI, 9). Abaixo, a Bitínia no contexto do Império Romano sob Trajano no ano 116 d.C.
Futuramente (303) em suas terras aconteceria a grande perseguição contra os cristãos pelo Imperador Diocleciano que fez de Nicomédia a capital da banda oriental do Império. Defronte para o palácio imperial havia um templo cristão que Diocleciano destruiu bem como mandou queimar as Escrituras Sagradas e livros devocionais. Após a ascensão de Constantino (312) e do Cristianismo como religião estatal se daria em terras bitínias dois grandes eventos: em Niceia (325) se reuniria o primeiro concílio da Cristandade onde foi formalizada a crença antiga e neotestamentária da divindade de Cristo e em Calcedônia (451), o quarto concílio ecumênico da cristandade, onde se definiria a união das naturezas humana e divina em Cristo. Abaixo, a Crisntandade e o mundo romano durante o concílio de Niceia em 325 d.C.



Depois da queda do Império Bizantino (1453), a Bitínia passou a fazer parte do Império Turco-Otomano e hoje pertence à Turquia.
FONTE: Wikipédia. Versões em inglês, espanhol, galego e portugês.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

NICOMEDES IV FILOPÁTOR (94 – 74 a.C.)

Nicomedes IV Filopátor (“aquele que ama o pai”) foi o último rei da Bitínia. Seu governo deu-se em meio as Guerras Mitridáticas que opuseram a República Romana ao Reino do Ponto pelo controle da Ásia Menor. Abaixo, moeda com a efígie de Nicomedes IV.


Não se conhece detalhes de sua vida antes de sua ascensão ao trono em 94 a.C. quando da morte de seu pai, Nicomedes III. Seus primeiros anos de governo foram pacíficos até o envolvimento da Bitínia na política expansionista do Ponto.
Em 90 a.C., o rei do Ponto, Mitrídates VI Eupátor, alegava que Nicomedes seria filho bastardo do rei anterior com uma dançarina não tendo direito ao trono bitínio. Usando isto como pretexto, Mitrídates instiga o irmão de Nicomedes IV, Sócrates, o Bom, de índole anti-romana, para que retorne a Bitínia e tome o trono. Com o apoio dos exércitos do Ponto, Sócrates domina a Bitínia e passa a governá-la como Nicomedes V.
Montanhas da Bitínia:
ao fundo o Lago Sapanca (Turquia)
Nicomedes foge para a Itália e procurara a proteção do Senado romano que impôs a sua restauração depois de alguns meses (89 a.C.) pela intervenção dos militares Lúcio Cássio e M. Aquílio. Sócrates foge para a corte de Mitrídates, que não oferece resistência à intervenção romana. Algum tempo depois, Mitrídates cedeu ao pedido de Mânio Aquílio, o comandante romano da Ásia Menor, de retirar-se da Capadócia. Sua petição seguinte, que Mitrídates lhe desse parte de suas tropas, foi rejeitada. Então, o romano persuadiu a Nicomedes IV, agora mais dependente dos romanos do que antes, a atacar o Ponto. Mitrídates envia embaixadores a Roma para reclamar da agressão, mas não surtiu efeito.
File:Mudanya panorama.jpg
Panorama da cidade turca de Mundanya:
a antiga cidade bitínia de Mirlea
Em 88 a. C., Mitrídates respondeu ao ataque de Nicomedes com um potente contra-ataque. As forças de Nicomedes (50.000 soldados e 6.000 cavaleiros) foram aniquiladas pelos generais pônticos Arquelau e Neoptólemo na Batalha do Rio Amnias na Paflagônia. O exército romano, sob mando de Aquílio, foi derrotado na Batalha do Monte Scorobas. A frota romana do Mar Negro simplesmente se rendeu. Lúcio Cássio tenta levantar um exército na Frígia, mas não consegue. Nicomedes foge para Pérgamo (agora território romano) e daí para a Itália. Mitrídates estabelece Sócrates novamente como monarca da Bitínia e estabelece a soberania do Ponto sobre a maior parte da Ásia Menor. Abaixo a Bitínia e adjacências sob o domínio do Rei Mitrídates VI do Ponto.


Devido aos fortes nexos com Roma e a agressividade antirromana de Mitrídates VI, o pedido de ajuda de Nicomedes é respondido com o envio do cônsul Lúcio Cornélio Sila a Ásia Menor, iniciando a Primeira Guerra Mitridática (89-85 a.C.). O conflito durou até 85 a. C., quando Mitrídates buscou a paz restringindo sua soberania ao reino do Ponto. Sócrates mais uma vez deixa o trono bitínio refugiando-se na corte de Mitrídates que o vai matar, certamente não vendo mais utilidade nele para seus propósitos. Nicomedes é restaurado no trono da Bitínia pelo legado romano C. Cúrio.
A partir daí seu reinado foi tranqüilo sem grandes acontecimentos. Em 80 a.C., Júlio César (então com 21 anos) é enviado como embaixador pelo pretor Marco Minúcio Termo para pedir ajuda da frota bitínia a Nicomedes. O jovem César foi coroado com grandes favores por Nicomedes e se desincumbiu tão rápido da missão que seus adversários passaram a injuriá-lo chamando-o de "rainha" da Bitínia e de ter obtido êxito nas negociações devido a favores sexuais que teria prestado a Nicomedes, do que não há comprovação.
Nicomedes morre em 74 a.C. após 20 anos de reinado sem deixar herdeiros. Lega por testamento seu reino à República Romana que o transformará em província. Mitrídates VI, ainda respirando vingança e ambição, apresentará um impostor como filho legítimo de Nicomedes contestando a ocupação romana. O conflito é inevitável: inicia-se a Terceira Guerra Mitridática (74 – 65 a.C.) entre Roma e o Ponto que definirá Roma como senhora da Ásia Menor. O Ponto e a Bitínia unir-se-ão, enfim,mas não como um reino, mas como a província romana da Bitínia e Ponto.
Assim chegou ao final o Reino da Bitínia: após mais de 200 anos de luta por independência e prosperidade torna-se como tantos outros reinos uma província romana, mas revestida de importância estratégica devido a sua importante posição geográfica. Não é sem razão que o Imperador Diocleciano (284 – 305 d.C.) fará de Nicomédia, a antiga capital dos reis bitínios, sua capital da parte oriental do Império Romano. Abaixo, ilustração do Palácio de Diocleciano em Nicomédia.


Já na Idade Média, outra importante cidade da Bitínia terá papel crucial: Nicéia, que de 1204 a 1261 será capital do Império Bizantino que nesse período ficou sendo conhecido como Império de Nicéia.
FONTE:
Wikipédia, versão em catalão, inglês e espanhol.
Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em: http://books.google.com.br

NICOMEDES III EVERGETES (127 – 94 a.C.)

Nicomedes III Evergetes (grego: “benfeitor”) sucedeu seu pai Nicomedes II Epífanes. Seu reinado será caracterizado pelo crescente poderio de Roma e do Ponto na Ásia Menor que limitariam suas expectativas de expansão territorial da Bitínia, embora levasse prosperidade para seu povo. Abaixo moeda com a efígie de Nicomedes III e do deus Zeus.


Em 103 a.C. o cônsul romano Caio Mário lhe pediu auxílio na luta contra os Cimbros, mas se recusou por causa da exações e opressões dos latifundiários romanos sobre seus súditos.
Em 102 a.C., aliou-se ao rei do Ponto, Mitrídates VI Eupátor, para conquistar a Paflagônia, que pertencia nominalmente aos Reis do Ponto por herança do último rei paflagônio, Pilemenes. Os aliados dividiram suas conquistas. Mas quando a informação de que a Paflagônia estava na posse dos dois reis chegou ao Senado romano, este enviou embaixadores a ambos requerendo que o país fosse restaurado à sua antiga condição. Mitrídates VI se recusou dizendo que estava na posse da herança de seu pai (Mitrídates V) e ainda invadiu a Galácia. Quanto a Nicomedes, ele respondeu que como ele não tinha qualquer direito ao país, ele o restauraria ao seu monarca legítimo. Astutamente (ou como diríamos hoje, com certo jeitinho brasileiro) alterou o nome de um de seus filhos para Pilemenes, o nome comum dos reis da Paflagônia, e estabeleceu-o como monarca da sua possessão da Paflagônia, como se ele tivesse restaurado ao trono à linhagem real; na realidade ele continuou ocupando o país sob pretexto frívolo. No entanto, o príncipe paflagônio Asteodoro manterá uma resistência aos bitínios com apoio de Roma. Abaixo a Bitínia de Nicomedes III e reinos adjacentes em torno do ano 100 a.C.



Em 96 a.C., Laodice, a viúva do Rei Ariarates VI da Capadócia, colocou-se sob a proteção de Nicomedes temendo por sua vida e a de seus filhos – Ariarates VII e Ariarates VIII – contra a pretensão expansionista de Mitrídates VI Eupátor, irmão de Laodice, que havia instigado o assassínio do rei defunto. Nicomedes casa-se com Laodice e passam a reger a Capadócia. Após a morte das duas crianças, Nicomedes foi expulso por Mitrídates após uma série de batalhas. Sua única alternativa é apelar para a “guardiã” do Mundo, Roma. Laodice e Nicomedes levantam um impostor, pretensamente um terceiro filho de Ariarates VI com Laodice, e o envia a Roma a fim de buscar apoio para esse “filho”. Tal pretensão foi rejeitada pelo Senado romano como as reclamações contra Mitrídates VI.
De sua primeira esposa, Aristônica, teve Nicomedes Filopátor que seria seu sucessor. Também tinha uma amante, Agna de Cizico, que lhe deu um filho, Sócrates. Agna e Sócrates viviam em Cizico sustentados pelo Rei.
Quando da morte do Rei Nicomedes III por velhice (uma tradição fala de envenenamento), em 94 a.C., seu filho legítimo, Nicomedes o sucederá, mas terá que disputar o trono com Sócrates.

FONTE: Wikipédia, versão em catalão, inglês e espanhol.
Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em:http://books.google.com.br

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

NICOMEDES II EPÍFANES (149-127 a.C.)

Filho e sucessor de Prusias II. Quando de sua juventude acompanhou seu pai a Roma em 167 a.C. onde foi recebido favoravelmente pelo Senado. Conquanto neste tempo fosse muito jovem, sua crescente popularidade despertou o ciúme de seu pai, o qual desejando tirá-lo de fora da vista dos bitínios, o enviou a Roma como uma espécie de refém. Em 155 encontramo-lo apoiando os embaixadores de Prusias que foram enviados para defender aquele monarca contra as reclamações de Átalo II. Nicomedes (imagem acima) permaneceu em Roma até 149 e durante a sua residência aí aumentou seu favorecimento perante o Senado que o tinha em alta consideração. Isto aumentou as suspeitas e a inimizade de Prusias que despachou o embaixador Menas a Roma com uma embaixada ao Senado, mas com instruções secretas para assassinar o príncipe. Mas Menas, percebendo a alta consideração que Nicomedes gozava em Roma, em vez de executar as suas instruções, divulgou-as ao próprio príncipe, e em conjunção com Andrônico, o embaixador de Átalo, incitou-o a destronar o pai, o qual era objeto do desprezo geral por seus vícios e crueldades. Abaixo, moeda com a efígie de Nicomedes e a representação de Zeus.



Nicomedes prontamente aceita suas sugestões (com o aval implícito do Senado) e partindo secretamente de Roma desembarca no Épiro, onde ele abertamente assumiu o título do rei, e daí parte para a corte de Átalo II em Pérgamo, que o recebeu com braços abertos e preparou para apoiar as suas pretensões com um exército. Prusias, abandonado pelos seus súditos, refugia-se na fortaleza de Nicéia de onde ele escreveu a Roma para solicitar a intervenção do Senado. Mas, embora três deputados fossem despachados pelos Romanos para investigar a questão, eles enfim retiraram-se sem intervir. Os habitantes de Nicomédia, onde Prusias tinha buscado proteção, abriram as portas da cidade a Nicomedes, e o velho rei foi assassinado no altar de Zeus por ordem expressa de seu filho. Do seu longo reinado (22 anos) poucos eventos foram-nos transmitido destacando-se seu apoio a Roma na guerra desta contra Aristônico de Pérgamo em 131 a.C.
Foi apodado de epiphanés, o que se manifesta em esplendor.
Morreu em 127 e foi sucedido por seu filho Nicomedes III.

FONTE: Wikipédia, versão em catalão, inglês e espanhol.Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em:http://books.google.com.br
Enciclopedia moderna: Diccionario Universal de Literatura, Ciencias, Artes, Agricultura, Industria y Comercio por Francisco de Paula Mellado. Disponível em:http://books.google.com.br

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PRUSIAS II (182 – 149 a.C.)

Sucedeu a seu pai Prusias I. Por sua paixão pela caça foi apodado em grego de kynegós (caçador).


No início de seu reinado combateu vitoriosamente as incursões gálatas, pelo que os etólios lhe dedicaram uma monumento (o Pilar de Prúsias, imagem abaixo) em Delfos celebrando sua vitória. Se aliou brevemente a Eumenes II de Pérgamo e Ariarates IV da Capadócia para combater a Farnaces I do Ponto (181-179), após o que retomou a tradicional hostilidade bitínia contra Pérgamo. Manteve a aliança tradicional da Bitínia com a Macedônia casando-se com Apamea, irmã do Rei Perseu. Quando estourou a Terceira Guerra Macedôncia (171 -168) que opôs Perseu aos Romanos, Prusias manteve inicialmente neutralidade. Em 169, contudo, ele enviou uma embaixada a Roma em favor de Perseu tentando convencer o Senado a conceder paz a seu cunhado em termos favoráveis a este. Sua intervenção, contudo, foi rejeitada, e optou no ano seguinte ficar do lado dos Romanos. Prusias procurou evitar qualquer ofensa que ele poderia ter causado aos romanos por este passo precipitado, por meio de lisonjas abjetas e sórdidas. Ele recebeu os deputados romanos que foram enviados a sua corte em Nicomédia em trajes característicos de um liberto (escravo emancipado). Em 167, ele mesmo viajou a Roma, onde ele procurou conseguir o favor do Senado por atos semelhantes da adulação escrava. Tal caracterização aviltante para um rei era mais assinalada pelo fato de Prusias II fazer-se acompanhado nas cunhagens de suas moedas da figura de um deus grego, em especial Zeus, que lhe conferiam alta dignidade e favorecimento divino. Com esta humilhação, ele desarmou as suspeitas dos Romanos e obteve uma renovação da aliança entre ele e a República, acompanhada até com uma expansão de seu território. Apesar disso, a atitude subserviente de Prusias, foi mal vista pelo historiador romano Políbio. Abaixo moeda de Prusias com a efígie da deusa grega Atena.

Nesse época envia embaixadores a Roma para queixar-se de Eumenes II de Pérgamo, mas sem resultados. No entanto, move guerra contra o sucessor de Eumenes, Átalo II. Em 156 Prusias derrota Átalo em uma grande batalha e chega a assediar Pérgamo sem, no entanto, tomá-la. Átalo se queixa a Roma que intervém mandando Prusias cessar os ataques o que ele inicialmente atende retomando-os e cercando Pérgamo novamente. Uma nova embaixada pergamena é enviada a Roma que mais uma vez intervém pressionando a Prusias a retirar-se, abandonar os territórios conquistados e ainda pagar indenizações a Pérgamo. Obrigado a permanecer “tranquilo” em seus territórios, Prusias desconta suas humilhações e frustrações em seus próprios súditos com seus vícios e crueldades angariando grande impopularidade. 
O Lago Sapanca em território turco
que outrora fez parte da Bitínia
Os bitínios passam a favorecer o filho de Prusias, Nicomedes. Procurando mantê-lo longe do país e afastá-lo da sucessão real em preferência aos filhos de seu segundo matrimônio, Prusias o envia a Roma posteriormente encarregando seu embaixador Menas de assassiná-lo. Vendo Menas que o Senado romano tinha Nicomedes em alta consideração desobedece ao seu senhor aliando-se ao embaixador de Átalo II, Andrônico, em uma conspiração para estabelecer Nicomedes como rei da Bitínia. Quando do retorno de Nicomedes à Bitínia, apoiado por Pérgamo e secretamente por Roma, este vai fazer guerra ao pai, que está enfraquecido pelo desfavor de seus súditos. Os próprios habitantes de Nicomédia, a capital da Bitínia, abrem a porta para os invasores. Prusias se refugia no templo de Zeus onde é capturado e lapidado. Abaixo, moeda com a efíge de Prusias II. No anverso, imagem do deus Zeus entregando-o o centro e águia, símbolos de realeza e domínio. Apesar de ter se refugiado no templo de seu deus protetor, isto não foi suficiente para livrá-lo de ser assassinado.

 Seu filho o sucedeu como Nicomedes II Epífanes.

FONTE: Wikipédia, versão em catalão, inglês e espanhol.Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em:http://books.google.com.br
Enciclopedia moderna: Diccionario Universal de Literatura, Ciencias, Artes, Agricultura, Industria y Comercio por Francisco de Paula Mellado. Disponível em:http://books.google.com.br

sábado, 14 de fevereiro de 2009

PRUSIAS I (228 – 182 a.C.)

Prusias I Cholos (“o Coxo”) sucedeu seu pai, Ziaelas, no trono da Bitínia. Formou uma aliança com o Reino da Macedônia casando-se com a filha do Rei Demétrio II, Apama IV, tornando-se assim cunhado do futuro Rei Filipe V. O início de seu reinado foi difícil, mas logrou êxito em manter e expandir a Bitínia. Abaixo, moeda com a efígie de Prusias I.

Prusias lutou contra Bizâncio (220 a.C.) em socorro aos Rodianos tendo em vista estender sua influência sobre o Estreito do Bósforo. Os Bizantinos, empobrecidos pelos tributos pagos aos gálatas que os assediavam, passam a cobrar impostos caros pela passagem do Mar Egeu para o Ponto Euxino (Mar Negro). Insatisfeitos com esses impostos excessivos, os Rodianos, grandes navegadorese comerciantes, decidiram declarar guerra contra os bizantinos. Prusias se aliança com Rodes durante esta guerra e Bizâncio pede ajuda Átalo I de Pérgamo e a Aqueu, militar grego que domina grande região na Ásia. Eles iniciam um movimento para estabelecer o tio de Prusias, Tiboetes, que vivia na Macedônia, como rei da Bitínia. Apesar disso, e embora Átalo e Aqueu fossem grandes guerreiros, Prusias seguiu com a guerra tomando possessões dos bizantinos na Ásia. Enquanto isso, Tiboetes morreu inesperadamente. Por fim, através de negociações mediadas por Cauaros, rei dos gauleses da Trácia, houve paz entre a Bitínia, Rodes e Bizâncio que não mais cobraria pedágios e a Bitínia devolveu a Bizâncio suas posses na Ásia. Abaixo, o reino da Bitínia.

Prusias é mencionado entre aqueles que em 217 a.C. enviaram socorro a Rodes que sofreu um terremoto. Em 216 Prusias derrota os mercenários gauleses trazidos por Átalo I para deter o avanço do domínio de Aqueu e que causavam grande terror na Ásia. Prusias e Àtalo disputavam a hegemonia sobre a Anatólia. Na Guerra Cretense (205 -200 a.C.) que opuseram o Rei Filipe V da Macedônia e seus aliados a Rodes e seus aliados, Prusias lutou por Filipe uma série de guerras contra Átalo I de Pérgamo, aliado de Rodes. Abaixo, os reinos da Macedônia, Pérgamo e adjacências ao término da Guerra Cretense.

Filipe provocou Rodes, ao capturar e massacrar as populações de Quíos e Mirleia, cidades gregas da costa do mar de Mármara. Filipe entregou ambas as cidades a seu cunhado, Prusias I, quem as reconstruiu, repovoou com bitínios e renomeou como Prusa (Prusias Talassa, “Prusias Marítima”) e Apamea Mirleia em honra a si mesmo e a sua esposa. Em troca destas cidades, Prusias prometeu que continuaria expandindo seu reino às expensas dos territórios de Pérgamo, inimigo de Filipe V (sua última guerra contra os pergamenos tinha se finalizado em 205 a. C.).
Bursa Information
Cidade de Bursa na Turquia: a antiga Prusa
Os romanos intervieram na guerra e mais uma vez lutaram contra Filipe V na segunda Guerra Macedônica ( 200-196 a.C. ). Após a batalha de Cinocéfalos em 197 a. C., Filipe, derrotado pelos romanos, teve que abandonar suas pretensões de domínio sobre as cidades gregas da Europa e da Ásia. Os romanos assentiram na posse das cidades que Filipe havia concedido na Ásia a Prusias, o qual abandonou a Frígia em virtude de um acordo com Pérgamo.
Abaixo, os reinos da Ásia Menor e adjacências na época de Prusias em 188 a.C.


Em 190 a.C. toma posse das cidades de Cieros (a quem também deu nome de Prusias), Tieios e outras dependências de Heraclea Pôntica e depois dessas cidades, ele submeteu a própria Heracleia a um cerco severo, e matou muitos daqueles que foram sitiados. A cidade esteve perto de ser capturada, mas subindo uma escada de mão Prusias foi abatido por uma pedra que foi lançada das ameias. Ele quebrou a sua perna, e por causa deste dano o cerco foi levantado. Prusias foi levado pelos bitínios em uma liteira, não sem dificuldade. Por causa desse acidente, Prusias foi apelidado em grego de cholos, "o coxo".
Cidade turca de Karadeniz Eregli onde
outrora ficava Heraclea Pôntica
Em 195 a. C., o general cartaginês Aníbal, o grande inimigo de Roma, chegou, fugido de Cartago, a corte de Antíoco III da Síria. Com a vitória romana na batalha de Magnésia junto ao rio Sípilo em 189 a. C., Antíoco, que devia entregá-lo aos romanos como parte das condições da Paz de Sardes, o deixa fugir, e Aníbal refugia-se no reino bitínio. Abaixo, moeda com as efígies de Prusias e Aníbal.
O Senado romano obrigou Prusias a entregar a Frígia Helespôntica ao rei Eumenes II de Pérgamo, o que provocou uma guerra entre Bitínia e Pérgamo (186-183 a.C.), que terminou com a retirada de Aníbal, comandante da frota bitínia, apesar de sua grande campanha, e com a entrega acordada da Frígia Helespôntica por Prusias a Pérgamo. O cônsul romano Quíncio Flaminino foi enviado a corte de Prusias com instruções precisas para que o rei bitínio entregasse Aníbal à Roma; Prusias não teria como resistir ao poderio militar romano e assentiu com essa exigência; Aníbal, antecipando-se, se suicida por envenenamento.
Prusias manteve seu reino independente e ao atingir 46 anos de reinado morreu (182) sendo sucedido por seu filho Prusias II.

FONTE: Wikipédia, versão em inglês e espanhol.
Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em:
http://books.google.com.br
Enciclopedia moderna: Diccionario Universal de Literatura, Ciencias, Artes, Agricultura, Industria y Comercio por Francisco de Paula Mellado. Disponível em:
http://books.google.com.br

ZIAELAS (254 – 228 a.C.)

Ziaelas (também conhecido como Zeilas) foi o terceiro rei da Bitínia, filho de Nicomedes I e Ditizele, sua primeira esposa.
Antes de morrer, Nicomedes, induzido por sua segunda esposa, Etazeta, afastou os filhos de Ditizele da sucessão real e Ziaelas ficou no exílio na corte do Rei Sames de Sofene.
Quando Nicomedes morreu (255), Etazeta assumiu a regência em nome de seus filhos menores. Ziaelas imediatamente tenta recuperar os seus direitos pela força, e retorna, ajudado pelos gálatas tolostobogianos. Embora Etazeta fosse apoiada por algumas cidades gregas vizinhas e pelo Rei Antígono II Gônatas, Ziaelas rapidamente conquistou, ainda que a duras batalhas, gradativamente toda a Bitínia. Etazeta refugia-se na corte de Antígono na Macedônia (254).
Vista aérea da cidade de Izmit, a antiga Nicomedia, capital da Bitínia
Seguindo o passo de seus antecessores, Ziaelas fundou uma cidade, Ziela, cuja posição é desconhecida.
Diz-se que os gálatas que apoiaram Ziaelas começaram a interferir no governo da Bitínia. Para livrar-se deles, o Rei organizou um grande banquete no qual pretendia assassinar a todos. Avisados, os gálatas acabaram por matar a Ziaelas.
Foi sucedido por seu filho Prusias.

FONTE: Wikipédia, versão em inglês e espanhol.Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em:http://books.google.com.br