sábado, 21 de fevereiro de 2009

NICOMEDES IV FILOPÁTOR (94 – 74 a.C.)

Nicomedes IV Filopátor (“aquele que ama o pai”) foi o último rei da Bitínia. Seu governo deu-se em meio as Guerras Mitridáticas que opuseram a República Romana ao Reino do Ponto pelo controle da Ásia Menor. Abaixo, moeda com a efígie de Nicomedes IV.


Não se conhece detalhes de sua vida antes de sua ascensão ao trono em 94 a.C. quando da morte de seu pai, Nicomedes III. Seus primeiros anos de governo foram pacíficos até o envolvimento da Bitínia na política expansionista do Ponto.
Em 90 a.C., o rei do Ponto, Mitrídates VI Eupátor, alegava que Nicomedes seria filho bastardo do rei anterior com uma dançarina não tendo direito ao trono bitínio. Usando isto como pretexto, Mitrídates instiga o irmão de Nicomedes IV, Sócrates, o Bom, de índole anti-romana, para que retorne a Bitínia e tome o trono. Com o apoio dos exércitos do Ponto, Sócrates domina a Bitínia e passa a governá-la como Nicomedes V.
Montanhas da Bitínia:
ao fundo o Lago Sapanca (Turquia)
Nicomedes foge para a Itália e procurara a proteção do Senado romano que impôs a sua restauração depois de alguns meses (89 a.C.) pela intervenção dos militares Lúcio Cássio e M. Aquílio. Sócrates foge para a corte de Mitrídates, que não oferece resistência à intervenção romana. Algum tempo depois, Mitrídates cedeu ao pedido de Mânio Aquílio, o comandante romano da Ásia Menor, de retirar-se da Capadócia. Sua petição seguinte, que Mitrídates lhe desse parte de suas tropas, foi rejeitada. Então, o romano persuadiu a Nicomedes IV, agora mais dependente dos romanos do que antes, a atacar o Ponto. Mitrídates envia embaixadores a Roma para reclamar da agressão, mas não surtiu efeito.
File:Mudanya panorama.jpg
Panorama da cidade turca de Mundanya:
a antiga cidade bitínia de Mirlea
Em 88 a. C., Mitrídates respondeu ao ataque de Nicomedes com um potente contra-ataque. As forças de Nicomedes (50.000 soldados e 6.000 cavaleiros) foram aniquiladas pelos generais pônticos Arquelau e Neoptólemo na Batalha do Rio Amnias na Paflagônia. O exército romano, sob mando de Aquílio, foi derrotado na Batalha do Monte Scorobas. A frota romana do Mar Negro simplesmente se rendeu. Lúcio Cássio tenta levantar um exército na Frígia, mas não consegue. Nicomedes foge para Pérgamo (agora território romano) e daí para a Itália. Mitrídates estabelece Sócrates novamente como monarca da Bitínia e estabelece a soberania do Ponto sobre a maior parte da Ásia Menor. Abaixo a Bitínia e adjacências sob o domínio do Rei Mitrídates VI do Ponto.


Devido aos fortes nexos com Roma e a agressividade antirromana de Mitrídates VI, o pedido de ajuda de Nicomedes é respondido com o envio do cônsul Lúcio Cornélio Sila a Ásia Menor, iniciando a Primeira Guerra Mitridática (89-85 a.C.). O conflito durou até 85 a. C., quando Mitrídates buscou a paz restringindo sua soberania ao reino do Ponto. Sócrates mais uma vez deixa o trono bitínio refugiando-se na corte de Mitrídates que o vai matar, certamente não vendo mais utilidade nele para seus propósitos. Nicomedes é restaurado no trono da Bitínia pelo legado romano C. Cúrio.
A partir daí seu reinado foi tranqüilo sem grandes acontecimentos. Em 80 a.C., Júlio César (então com 21 anos) é enviado como embaixador pelo pretor Marco Minúcio Termo para pedir ajuda da frota bitínia a Nicomedes. O jovem César foi coroado com grandes favores por Nicomedes e se desincumbiu tão rápido da missão que seus adversários passaram a injuriá-lo chamando-o de "rainha" da Bitínia e de ter obtido êxito nas negociações devido a favores sexuais que teria prestado a Nicomedes, do que não há comprovação.
Nicomedes morre em 74 a.C. após 20 anos de reinado sem deixar herdeiros. Lega por testamento seu reino à República Romana que o transformará em província. Mitrídates VI, ainda respirando vingança e ambição, apresentará um impostor como filho legítimo de Nicomedes contestando a ocupação romana. O conflito é inevitável: inicia-se a Terceira Guerra Mitridática (74 – 65 a.C.) entre Roma e o Ponto que definirá Roma como senhora da Ásia Menor. O Ponto e a Bitínia unir-se-ão, enfim,mas não como um reino, mas como a província romana da Bitínia e Ponto.
Assim chegou ao final o Reino da Bitínia: após mais de 200 anos de luta por independência e prosperidade torna-se como tantos outros reinos uma província romana, mas revestida de importância estratégica devido a sua importante posição geográfica. Não é sem razão que o Imperador Diocleciano (284 – 305 d.C.) fará de Nicomédia, a antiga capital dos reis bitínios, sua capital da parte oriental do Império Romano. Abaixo, ilustração do Palácio de Diocleciano em Nicomédia.


Já na Idade Média, outra importante cidade da Bitínia terá papel crucial: Nicéia, que de 1204 a 1261 será capital do Império Bizantino que nesse período ficou sendo conhecido como Império de Nicéia.
FONTE:
Wikipédia, versão em catalão, inglês e espanhol.
Dictionary of Greek and Roman Geography por William Smith. Disponível em: http://books.google.com.br

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