segunda-feira, 26 de abril de 2010

BITÍNIA: RESUMO HISTÓRICO

A Bitínia era um território do noroeste da Anatólia e ao sudoeste do Mar Negro que desde a península da Calcedônia chegou a extender-se até Heraclea Pôntica e Paflagônia, Mísia e a Propôntida (atual Mar de Mármara). Suas principais cidades foram Nicomédia, Niceia e Prusa. Era área estratégica de trânsito entre a Europa e a Ásia. No mapa abaixo, vê-se a grande proximidade da Trácia (Europa) e da Bitínia (Ásia).


Duas tribos trácias, os Tínios e os Bitínios, migraram para a região expulsando ou subjugando os Mísios e outras tribos. Os territórios onde se instalaram ficaram conhecidos como Tínia e Bitínia. Este último nome prevaleceu no decorrer do tempo sobre a área por eles ocupada, a qual foi incorporada pelo rei Creso dentro do Reino da Lídia, com o qual eles caíram sob domínio da Pérsia (546 a.C.) e foram incluídos na satrápia da Frígia, que compreendeu todos os países até o Helesponto e o Bósforo. Abaixo, área da Bitínia e suas cidades na Antiguidade.


No tempo do Rei Dario, o Grande (522-486 a.C.), os Bitínios pagavam um tributo de cem talentos ao Império Persa. Os Bitínios conservaram, entretanto, seus reis que não passavam mais do que governantes sob o mando persa e que foram aumentando gradativamente sua autonomia e territórios. A dinastia local comercial encabeçada por Doedalses, conseguiu maior soberania em torno de 430. Doedalses (também conhecido como Didalso) já age como rei dos Bitínios no tempo de Dario II (423-404 a.C.). Participou da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) enviando reforços à Alcibíades de Atenas e combate os Dez Mil (mercenários gregos a serviço do persa Ciro, o Jovem) em 401. Em 398 combateu o general grego Dercilidas da Lacedemônia e ocupou Astacos ( futura Nicomédia), colônia da cidade grega de Mégara, fazendo-a sua capital. Sendo assim a região foi governada por Doedalses (430 – 390) e Boteiras (390 – 377). Durante a conquista da Pérsia, Alexandre Magno, após a Batalha do Grânico (334 a.C.), conseguiu submeter às cidades gregas da satrápia de Sparda ( o antigo reino da Lídia). Nesta região surgiriam os reinos de Pérgamo e da Bitínia. Bas, filho de Boteiras, conseguiu manter o território da Bitínia independente de Alexandre e de seus sucessores e seu filho Zipoites proclamou-se rei em 297 a.C. Seus sucessores mantiveram-se livres dos Diádocos (sucessores de Alexandre), mas foram perdendo terreno para o Reino de Pérgamo. Abaixo, os primórdios do Reino da Bitínia e reinos adjacentes.

Nicomedes II e Nicomedes III tentaram em vão ampliar seus territórios defrontando-se com a política expansionista de Roma e do Reino do Ponto de Mitrídades VI. Por fim, o último rei, Nicomedes IV, ao morrer (74 a.C.) legou seu reino à República Romana que transformou a Bitínia em uma província. Após a derrota de Mitrídates, o Ponto passou a integrar a província da Bitínia e Ponto. Da Bitínia surgiriam o astrônomo e matemático Teodósio da Bitínia (160-100 a.C.), Antínoo (110-130), amante do imperador romano Adriano (76-138) e Dion Cássio (c. 155-229), historiador, cônsul e senador romano.
A Bitínia foi terreno fértil para o cristianismo. Segundo o Novo Testamento, na segunda viagem missionária, o Apóstolo Paulo, na companhia de Timóteo e Silas, teve o empenho de viajar para a Bitínia, mas uma revelação divina o mandou ir para a Macedônia (Atos 16:7). Quando o Apóstolo Pedro escreveu sua primeira epístola, já havia uma comunidade cristã na Bitínia por volta de 62–64 d.C. (I Pedro 1:1). Plínio, o Moço, governador da Bitínia, ao escrever ao Imperador Trajano (53-117) menciona muitos cristãos na província, declarando que, no começo do século II, o cristianismo não se confinava apenas às cidades, mas se havia espalhado "também às aldeias e aos distritos rurais". (As Cartas de Plínio, X, XCVI, 9). Abaixo, a Bitínia no contexto do Império Romano sob Trajano no ano 116 d.C.
Futuramente (303) em suas terras aconteceria a grande perseguição contra os cristãos pelo Imperador Diocleciano que fez de Nicomédia a capital da banda oriental do Império. Defronte para o palácio imperial havia um templo cristão que Diocleciano destruiu bem como mandou queimar as Escrituras Sagradas e livros devocionais. Após a ascensão de Constantino (312) e do Cristianismo como religião estatal se daria em terras bitínias dois grandes eventos: em Niceia (325) se reuniria o primeiro concílio da Cristandade onde foi formalizada a crença antiga e neotestamentária da divindade de Cristo e em Calcedônia (451), o quarto concílio ecumênico da cristandade, onde se definiria a união das naturezas humana e divina em Cristo. Abaixo, a Crisntandade e o mundo romano durante o concílio de Niceia em 325 d.C.



Depois da queda do Império Bizantino (1453), a Bitínia passou a fazer parte do Império Turco-Otomano e hoje pertence à Turquia.
FONTE: Wikipédia. Versões em inglês, espanhol, galego e portugês.

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